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PROFISSÃO PROFESSOR

PROFISSÃO PROFESSOR
Sala de aula

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Clip da Música Nunca Serão de Gabriel o Pensador.


Aos amantes da boa música aí vai uma dica. A música Nunca Serão de Gabriel o Pensador. Ótima sugestão para trabalhar vários temas em sala de aula. Utilizei a música e o vídeo para discutir o tema Ética e Moral, mas pode ser discutido também corrupção, a violência, a alienação, enfim, dezenas de assuntos podem ser abordados aqui. Dê uma conferida.

ENTREVISTA COM O EDUCADOR PAULO FREIRE - SÁBIAS PALAVRAS DO MESTRE. VALE A PENA CONFERIR

Importante matéria da Rede Globo sobre Blog


quinta-feira, 4 de abril de 2013

HUMOR: TIPOS DE ASSALTANTES

Assaltante Paraibano:

Ei bichin...
Isso é um assalto!
Arriba os braços e não se bula
Num se cague e não faça mungança...
Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim se não enfio a pexera no teu bucho e boto teu fato prá fora...

Assaltante Baiano:

Ô meu rei...( pausa )
Isso é um assalto...( longa pausa )
Levanta os braços, mas não se avexe não...( outra pausa )
Se não quiser nem precisa levantar pra não ficar cansado...
Vai passando a grana bem devagarinho... ( pausa pra pausa )
Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado,
Não esquenta meu irmãozinho...( pausa )
Vou deixar teus documentos na encruzilhada...

Assaltante Mineiro:
Ô sô, prestensão...
Isso é um assarto uai!
Levanta os braço e fica quetim
Quessê trem na minha mão tá cheidibala...
Mió passa logo os trocado que não tô bão hoji
Vai andando uai!

Assaltante de São Paulo:
                  Ôrra, meu... Isso é um assalto, meu... Alevanta os braços,
meu... Passa a grana logo, meu... Mais rápido, meu, que eu ainda preciso
pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do CORINTHIANS,
meu... Pô se manda, meu...

Assaltante Carioca:
Seguiiiinte bicho....
Tu se ferrô. Isso é um assalto!
Passa a grana e levanta os braços rapá...
Não fica de bobeira, vai andando e se olhar pra trás vira presunto.

Assaltante Gaúcho:

O gurí, ficas atento...
Báh, isso é um assalto!
Levanta os braços e te aquieta tchê!
Não tentes nada, e cuidado que este facão corta uma barbaridade.
Passa os pila prá cá!
E te manda a lá cria, se não o quarenta e quatro fala...

Assaltante de Brasília:

            Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer que sinto muito honrado em poder entrar em sua casa e aproveitar para pedir seu voto de confiança. Prometo se eleito for te representar com responsabilidade e que por exigência do FMI ao final de todo mês aumentaremos as seguintes tarifas para dar uma ajuda aos pobres políticos do nosso país:
            Energia, água, passagens aéreas e de ônibus, gás, Imposto de renda, licenciamento de veículos, seguro obrigatório, gasolina, álcool, IPTU, ICMS, PIS, COFINS.
            Mas meu povo não se esqueça: somos uma nação feliz!
           O Brasil é penta e em fevereiro tem carnaval!!!

"NÓS MUDEMO"

Este texto é uma importante oportunidade para explorar o tema preconceito linguístico. Veja abaixo algumas possibilidades de explorá-lo e debater um assunto tão sensível. E você que não é professor, não deixe de dar uma lidinha, independente disso você vai gostar.


“NÓS MUDEMO”

Fidêncio Bogo

          O ônibus da Transbrasiliana deslizava manso pela Belém-Brasília rumo a Porto nacional. Era abril, mês das derradeiras chuvas. No céu, uma luazona enorme pra namorado nenhum botar defeito. Sob o luar generoso, o cerrado verdejante era um presépio, toda poesia e misticismo.
Mas minha alma estava profundamente amargurada. O encontro daquela tarde, a visão daquele jovem marcado pelo sofrimento, precocemente envelhecido, a crua recordação de um episódio que parecia tão banal... tentei dormir. Inútil. Meus olhos percorriam a paisagem enluarada, mas ela nada mais era para mim que o pano de fundo de um drama estúpido e trágico.
            As aulas tinham começado numa segunda-feira. Escola de periferia, classes heterogêneas, retardatários. Entre eles, uma criança crescida, quase um rapaz.
-          Por que você faltou esses dias todos?
-          É que nós mudemo onti, fessora. Nóis veio da fazenda. Risadinhas da turma.
-          Não se diz “nóis mudemo”, menino! A gente deve dizer; nós mudamos, tá?
-          Tá, fessora! No recreio, as chacotas dos colegas: Oi, nós mudemo! Até amanhã, nóis mudemo!
No dia seguinte a mesma coisa; risadinhas, cochichos, gozações.
-          Pai, não vô mais pra escola!
-          Ôxente! Módi quê?
-          Ouvida a história, o pai coçou a cabeça e disse:
-          Meu fio, num deixa a escola por uma bobagem dessa! Não liga pras gozações da Mininada! Logo eles esquece. Não esqueceram.
            Na quarta-feira, dei pela falta do menino. Ele não apareceu no resto da semana, nem na segunda-feira seguinte. Ai me dei conta de que eu nem sabia o nome dele. Procurei no diário de classe e soube que se chamava Lúcio – Lúcio Rodrigues Barbosa. Achei o endereço. Longe, um dos últimos casebres do bairro. Fui lá, uma tarde. O rapazola tinha partido no dia anterior para a casa dum tio, no sul do Pará.
            É fessora, meu fio não agüentou a gozação da mininada. Eu tentei fazê ele continuá, mas não teve jeito. Ele tava chatiado demais. Bosta de vida! Eu devia di tê ficado na fazenda coa famia. Na cidade nós não tem veis. Nós fala tudo errado.
            Inexperiente, confusa, sem saber o que dizer, engoli em seco e me despedi. O episódio ocorrera há dezessete anos e tinha caído em total esquecimento, ao menos de minha parte.
            Uma tarde, num povoado à beira da Belém-Brasília, eu ia pegar o ônibus, quando alguém me chamou. Olhei e vi, acenando para mim, um rapaz pobremente vestido, magro, com aparência doentia.
            O que é moço?
            A senhora não se lembra de mim, fessora?
            Olhei para ele, dei tratos à bola. Reconstituí num momento meus longos anos de sacerdócio, digo, de magistério. Tudo escuro.
            Não me lembro não, moço. Você me conhece? De onde ? Foi meu aluno? Como se chama?
            Para tantas perguntas, uma resposta lacônica:
            Eu sou “Nóis Mudemo”, lembra?
            Comecei a tremer.
            Sim moço. Agora me lembro. Como era mesmo o seu nome?
-          Lúcio – Lúcio Rodrigues Barbosa.
-          O que aconteceu com você?
-          O que acontece? Ah fessora! É mais fácil dizê o que não aconteceu.
Comi o pão que o diabo amassô. E êta diabo bom de padaria! Fui garimpeiro, Bóia fria, um “gato”me arrecadou e levou num caminhão pruma fazendo no meio da mata. Lá trabaiei como escravo, passei fomo, fui baleado quando consegui fugi. Peguei tudo quanto é doença. Até na cadeia fui pará. Eu não devia de tê saído daquele jeito., fessora, mas não agüentei a gozação da turma. Eu vi logo que nunca ia consegui falá direito. Ainda hoje não sei
            Meu Deus!
            Aquela revelação me virou pela avesso. Foi demais para mim.
            Descontrolada comecei a soluçar convulsivamente. Como eu podia ter sido tão burra e má? E abracei o rapaz, o que restava do rapaz, que me olhava atarantado.
            O ônibus buzinou com insistência.
            O rapaz afastou-me de si suavemente.
-          Chora não, fessora! A senhora não tem curpa.
Como? Eu não tenho culpa? Deus do céu!
Entrei no ônibus apinhado. Cem olhos eram sem flechas vingadouras par mim. O ônibus partiu. Pensei na minha sala de aula. Eu era uma assassina a caminho da guilhotina.
            Hoje tenho raiva da gramática. Eu mudo, tu mudas, ele mudo, nós mudamos, mudamos, mudaaamoos, mudaaamooos..., Super usada, mal usada, abusada, ela é uma guilhotina dentro da escola. A gramática faz gato e sapato da língua materna – a língua que a criança aprendeu com seus pais e irmaos e colegas e se torna o terror dos alunos. em    vez de estimular e fazer crescer, comunicando, ela reprime e oprime, cobrando centenas de regrinhas estúpidas para aquela idade.
            E os lúcios da  vida, os milhares de lúcios da periferia e do interior, barrados nas salas de aula: “Não é assim que se diz , menino!”  Como se professor quisesse dizer: “Você está errado! Os seus pais estão errados! Seus irmão e amigos e vizinhos estão errados! A certa sou eu! Imite-me! Copie-me! Fale como eu! Você não seja você! Renegue suas raízes! Diminua-se! Desfigure-se! Fique no seu lugar! Seja uma sombra!”
            E siga desarmado para o matadouro da vida...
Porto Nacional, 1990.


Parte I
01 - Observem as frases a seguir e relacione cada uma conforme o tipo de variação.

(01) Variação cultural           (02) Linguagem de gíria         (03) Variação geográfica                         
(           ) um “gato”me arrecadou e levou num caminhão
(           ) Ôxente! Módi quê?
(           ) Por que você faltou esses dias todos?
(           ) Ouvida a história, o pai coçou a cabeça e disse.
(           ) Meu fio, num deixa a escola por uma bobagem dessa!
(           ) Eu devia di tê ficado na fazenda coa famia.
(           ) Comi o pão que o diabo amassô.
(           ) É que nós mudemo onti, fessora. Nóis veio da fazenda.
(           ) Entrei no ônibus apinhado.

02 - Transcreva do texto duas frases ditas no sentido formal.

03 - Transcreva duas frases ditas no sentido popular.

Parte II
II - A norma padrão é o conceito tradicional, idealizado pelos gramáticos, aos quais a tratam como modelo enquanto a linguagem popular é alvo de preconceitos. Como disse a professora, todos os dias milhares de “lúcios” são barrados nas salas de aulas. O texto nós mudemos nos faz refletir sobre nossas atitudes quanto ao falar popular. A seguir temos algumas situações de reflexão. Com base nos conhecimentos adquiridos em relação a lingüística responda:

            Pai, não vô mais pra escola!”
01 - Essa foi uma decisão tomada por Lúcio e que sem dúvida teve grande influência no seu futuro. Você acha que Lúcio teve motivos para reagir dessa forma? Justifique.

02 -  “Não se diz “nóis mudemo”, menino! A gente deve dizer; nós mudamos, tá?” Essa foi atitude tomada pela professora diante da fala de Lucio.

a)     Você concorda com a atitude da professora? Justifique.
b)     De que forma você reagiria se tivesse no lugar da professora?
c)      Deixaria Lúcio continuar falando daquela forma e ser alvo de chacotas?
d)     Qual a melhor alternativa diante de uma situação assim?

03   –. Bosta de vida! Na cidade nós não tem veis. Nós fala tudo errado.
Essa foi uma afirmação do pai do garoto quando a professora foi procurar pelo menino.
a)     Você concorda com o pai de Lucio que quem mora na roça fala errado?
b)     Para você, o que é falar errado?

04 – “Eu era uma assassina a caminho da guilhotina. Hoje tenho raiva da gramática. Eu mudo, tu mudas, ele mudo, nós mudamos, mudamos, mudaaamoos, mudaaamooos..., Super usada, mal usada, abusada, ela é uma guilhotina dentro da escola. A gramática faz gato e sapato da língua materna – a língua que a criança aprendeu com seus pais e irmãos e colegas e se torna o terror dos alunos. em vez de estimular e fazer crescer, comunicando, ela reprime e oprime, cobrando centenas de regrinhas estúpidas para aquela idade.”

Essa é a fala da professora de Lucio quanto deparou com o rapaz naquela situação.
            a) O que fez ela mudar de comportamento em relação ao ensino da gramática?
            b) Você acha que realmente ela é uma assassina, ou simplesmente exagerou?
            c) Que significado tem a expressão do texto: “Eu mudo, tu mudas, ele mudo”.
            d)  Você é a favor ou contra o ensino da gramática normativa em sala de aula, se é a favor a partir de quanto ela deve ser ensinada, se contra justifique o porquê.

ANÁLISE DO POEMA JOSÉ DE CARLOS DRUMMOND ANDRADE

Fantástico poema de Drummond escrito durante a Segunda Guerra Mundial e da ditadura de Vargas. Confira a seguir uma das possibilidades de análise.


Leia o poema na íntegra:

JOSÉ

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,

seu terno de vidro, sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?

 
 
 
COMPREENSÃO E ANÁLISE DO POEMA JOSÉ
 
I – Neste poema o autor traduz os sentimentos de uma pessoa angustiada, que se vê num “beco sem saída”. Neste sentido, explique como podem ser entendidos os versos seguintes:
 
01) Você que é sem nome.  Pode ser entendido como:
a) Você que não tem para onde ir
b) Você que não tem ninguém ao seu lado
c) Você que não tem seus direitos garantidos
            d) Você que está em um beco sem saída
            e) Todas as alternativas podem ser consideradas como verdadeiras       
                                                       ALTERNATIVA - E
            02 - Leia os versos abaixo e responda o que se pede:
I – sem cavalo preto que fuja a galope
II – o riso não veio
                              III – o dia não veio                                                   
IV – o bonde não veio
V – sua biblioteca
 
Dos versos acima quais demonstram desilusões de José?

                     a) Apenas o I e V
                     b) Apenas o verso III
                     c) Os versos II, III e IV
                     d) Apenas os versos IV e V
                     e) Nenhum dos versos acima
 
                                         ALTERNATIVA - C
 03 – Na terceira estrofe, o poeta fala de coisas que José tinha antes e que depois parecem perder o sentido para ele. Que coisas são essas?

                                   a) sua doce palavra
                                   b) sua biblioteca
                                      c) sua lavra de ouro
                                      d) sua incoerência
                                      e) todas as respostas estão corretas
 
                                                     ALTERNATIVA - E
 
“Com a chave na mão quer abrir a porta,
não existe porta,
quer morrer no mar, mas o mar secou,
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?”
 
04 - Os versos acima são possibilidades para José sair daquela situação. O que significa essas oposições?

                                 a)    Que José não lutou como deveria;
                                    b)    Que tudo parecia estar contra ele;
                                    c)    Que ele não sabia como fazer correto;
                                    d)    Que não sabia como abrir a porta;
                                    e)    Todas as alternativas estão corretas.
                                             ALTERNATIVA – B
05 –  A porta a quem o autor se refere nos versos acima significa:

                           a)    A chave de  uma porta que ele tinha perdido
                           b)    Uma oportunidade de saída daquela situação que se encontrava
                           c)    A porta da casa onde ele estava
                           d)    A porta do carro
                           e)    Todas as alternativas estão corretas
 
ALTERNATIVA - B
06 – O “EU LÍRICO” aconselha José a reagir. Das possibilidades sugeridas para que José mudasse seu destino, a mais extrema está contida no verso:

                                  a) "se você tocasse a valsa vienense".
                                  b) “se você morresse”              
                               c) “se você dormisse”                                                      
                                  d) “se você cansasse”   
                               e) “se você gemesse”
                                                             
                                          ALTERNATIVA – B
07 – Apesar de toda desilusão, José continua caminhando. O último verso do poema deixa claro que José segue marchando:

                                              a)    para Minas
                                              b)    para sua casa
                                              c)    sem direção certa, sem destino
                                              d)    para um abrigo
                                              e)    para casa de sua família
                                                   ALTERNATIVA - C
08 . Para o “EU LÍRICO”, José só não é:
                                                                                                 
                 a) alguém realizado e atuante     
                 b) um solitário   
                c) um joão-ninguém frustrado
                d) alguém sem objetivo e desesperançado
                e) alguém na rua da amargura
 
                                       ALTERNATIVA – A
09. José, de acordo com o texto, é um abandonado. Essa ideia está traduzida em que estrofe?
a) a noite esfriou 
b) sua biblioteca
c) está sem ninguém 
d) já não pode beber              
e) quer morrer no mar
ALTERNATIVA - C
10 -  “A noite esfriou” é um verso repetido no desenrolar do poema. Com isso, o “EU LÍRICO” deseja:
a) deixar bem claro que José foi abandonado porque fazia frio.           
b) traduzir a ideia de que José sentiu muito frio porque anoiteceu.   
c) exprimir que, após o término da festa, a temperatura caíra.   
d) intensificar o sentimento de abandono, tornando-se um sofrimento quase físico.  
e) ressaltar que José estava fingindo.
ALTERNATIVA - D
11   . Qual  verso exprime concisamente que José é ninguém?

                                         a)    sem teogonia
                                         b)    sem cavalo preto que fuja a galope
                                          c)    sua incoerência
                                          d)    seu terno de vidro
                                          e)    você que é sem nome
ALTERNATIVA - E
12 – “Seu terno de vidro”. A expressão terno de vidro está ressaltando que:                 
 
         a) José tinha um terno feito de vidro   
          b) José não sabia nada da vida      
         c) José era duro na queda e não intimidava por nada   
         d)  José era uma pessoa frágil, debilitada com as circunstâncias da vida          
         e) Todas as alternativas estão corretas
ALTERNATIVA - D



TEXTO: DEGUSTAÇÃO DE VINHO EM MINAS


Caro professor, aqui temos um ótimo exemplo para trabalhar ambiguidade.
 
 
DEGUSTAÇÃO DE VINHO EM MINAS

 
  - Hummm...
- Hummm...
- Eca!!!
- Eca?! Quem falou Eca?


- Fui eu, sô! O senhor num acha que esse vinho tá com um gostim estranho?

- Que é isso?! Ele lembra frutas secas adamascadas, com leve toque de trufas brancas, revelando um retrogosto persistente, mas sutil, que enevoa as papilas de lembranças tropicais atávicas...
- Putaquepariu sô! E o senhor cheirou isso tudo aí no copo?!
- Claro! Sou um enólogo laureado. E o senhor?

- Cebesta, eu não! Sou isso não senhor!! Mas que isso aqui tá me cheirando iguarzinho à minha egüinha Gertrudes depois da chuva, lá isso tá!
- Ai, que heresia! Valei-me São Mouton Rothschild!

- O senhor me desculpe, mas eu vi o senhor sacudindo o copo e enfiando o narigão lá dentro. O senhor tá gripado, é?

- Não, meu amigo, são técnicas internacionais de degustação entende? Caso queira, posso ser seu mestre na arte enológica. O senhor aprenderá como  segurar a garrafa, sacar a rolha, escolher a taça, deitar o vinho e, então...
- E intão moiá o biscoito, né? Tô fora, seu frutinha adamascada!

- O querido não entendeu. O que eu quero é introduzi-lo no...

- Mais num vai introduzi mais é nunca! Desafasta, coisa ruim!
- Calma! O senhor precisa conhecer nosso grupo de degustação. Hoje, por exemplo, vamos apreciar uns franceses jovens...
- Hã-hã... Eu sabia que tinha francês nessa história lazarenta...
- O senhor poderia começar com um Beaujolais!
- Num beijo lê, nem beijo lá! Eu sô é home, safardana!
- Então, que tal um mais encorpado?
- Óia lá, ocê tá brincano com fogo..
- Ou, então, um suave fresco!
- Seu moço, tome tento, que a minha mão já tá coçando de vontade de meter um tapa na sua cara desavergonhada!
- Já sei: iniciemos com um brut, curto e duro. O senhor vai gostar!
- Num vô não, fio de um cão! Mas num vô, memo! Num é questão de tamanho e firmeza, não, seu fióte de brabuleta. Meu negócio é outro, qui inté rima  com brabuleta...

- Então, vejamos, que tal um aveludado e escorregadio?
- E que tal a mão no pé dovido, hein, seu fióte de Belzebu?
- Pra que esse nervosismo todo? Já sei, o senhor prefere um duro e macio, acertei?
- Eu é qui vô acertá um tapão nas suas venta, cão sarnento! Engulidô de rôia!
- Mole e redondo, com bouquet forte?
- Agora, ocê pulô o corguim! E é um... e é dois... e é treis! Num corre, não, fiodaputa! Vorta aqui que eu te arrebento, sua bicha fedorenta!...

                                                                              Luiz Fernando Veríssimo